segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Milagres da ciência. Estamos preparados?

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Hoje ao abrir o Facebook, me deparei com a mensagem de uma ex-colega de trabalho com quem não converso há bastante tempo. Ela queria me contar que após meses de investigação médica, foi diagnosticada como portadora de Esclerose Múltipla, uma doença neurológica degenerativa para qual ainda não há cura. Infelizmente, aos 30 anos de idade, minha amiga sente-se como quem está chegando ao final de um túnel escuro e sombrio.

As pesquisas atuais sobre a Esclerose Múltipla (EM) estão avançando rumo à possibilidade de cura. Pesquisadores das Universidades de Edimburgo e Cambridge parecem ter encontrado uma substância capaz de promover a regeneração da mielina, substância responsável por garantir a transmissão dos estímulos nervosos, e que na EM sofre degeneração levando a perda progressiva dos movimentos voluntários.

A fisioterapia neurológica tem se esmerado em preservar ao máximo as funções motoras de pacientes portadores de doenças progressivas com o objetivo de prolongar a independência e qualidade de vida dessas pessoas. Entretanto, a possibilidade de cura nos remete a uma perspectiva futura bem diferente: a de manter os sistemas ósseo, articular e musculoesquelético na maior integridade possível, para que os mesmos possam estar aptos a reassumirem suas funções reestabelecendo a independência do indivíduo.

Não há data prevista para a cura da EM ou outras doenças do sistema nervoso. Mas é preciso garantir que os pacientes em tratamento fisioterapêutico estejam preparados para os milagres que a ciência trará em algum momento.

Estamos no caminho certo?


http://www.sciencedaily.com/releases/2013/07/130721161747.htmMultiple sclerosis research could help repair damage affecting nerves

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Fisioterapia Vestibular / Fisioterapia Labiríntica


Embora muito relevantes, algumas especialidades da fisioterapia ainda contam com poucos profissionais capacitados. A Reabilitação Vestibular ou Labiríntica, por exemplo, tem sido aplicada com bastante êxito em grande parte das afecções do sistema vestibular substituindo em muitos casos o uso de medicações e aliviando rapidamente a sensação de vertigem, mal estar e perda de equilíbrio. O êxito do tratamento fisioterapêutico tem sido tão significante que o COFFITO reconheceu a Reabilitação Vestibular como área de atuação do fisioterapeuta através da resolução nº 419, de 02 de junho de 2012.

Através de exercícios de posicionamento corporal com ênfase na cabeça, pescoço e olhos é possível, em boa parte dos casos, estimular rearranjos das informações sensoriais periféricas permitindo que novos padrões de estimulação vestibular passem a ser realizados de forma automática, atenuando os sintomas da labirintopatia.

Sistema Vestibular
http://utahhearingandbalance.com/dizziness/balance-and-the-vestibular-system/


Existem cursos de pós-graduação em Fisioterapia Vestibular ou Fisioterapia Labiríntica em diversas instituições de ensino no Brasil. Vale a pena procurar um bom programa e investir em uma especialidade bastante promissora e ainda pouco difundida no país.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Fisioterapeutas: seres alheios a valorização profissional?

 O Projeto de Lei nº. 5979 de 2009, que dispõe sobre o piso salarial dos fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais foi aprovado em 11 de abril de 2012 na Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados, sob a relatoria da deputada Gorete Pereira, que é fisioterapeuta. O valor fixado em quatro mil seiscentos e cinquenta reais (R$ 4.650,00) para 30 horas semanais foi amplamente comemorado pela classe, que em grande parte desavisada, esperava receber este valor em curto prazo.

Algumas considerações parecem pertinentes a este respeito. 

Depois de aprovado pela Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados, o Projeto de Lei em questão ainda está sujeito à aprovação pelas Comissões de Finanças e Tributação (CFT) e de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC). Em 09 de outubro de 2012 foi encerrado o prazo no CFT para emendas ao projeto, sem que qualquer emenda tenha sido apresentada, o que pode significar avanços na conquista de melhor reconhecimento salarial.

Entretanto, mesmo depois de aprovado o projeto em todas as instâncias e transformado em Lei, a pergunta que fica é a seguinte: o pagamento do piso salarial será obrigatório para empresas privadas e órgãos públicos? Qual a garantia de que o profissional será contratado pelo valor mínimo estipulado na legislação?

A resposta a estas questões não é somente complicada como também desanimadora. O Tribunal Superior do Trabalho (TST) entende que o piso salarial só pode ser exigido de EMPRESAS E INSTITUIÇÕES PRIVADAS, não se aplicando a ÓRGÃOS PÚBLICOS, já que são de iniciativa do Poder Executivo as leis que dispõem sobre aumento da remuneração.

No caso de empresas privadas, estas podem continuar oferecendo o valor que bem entenderem, podendo, entretanto estar sujeitas a ações trabalhistas movidas normalmente pelo sindicado da classe, SINFITO no caso de fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais. Nesse caso, há que se contar com a consciência do fisioterapeuta quanto ao valor de seu trabalho, pois o medo da perda do emprego diante da grande oferta de “profissionais” no mercado pode exercer um efeito negativo na tomada de uma decisão contra a empresa. Assim, corremos o sério risco de nada mudar.

Os sindicatos têm como função defender os direitos e interesses coletivos ou individuais das categorias que representam, inclusive em questões judiciais ou administrativas. Entretanto, a legislação deixa claro que ninguém é obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a um determinado sindicato. E embora a adesão de profissionais seja necessária para garantir a representatividade da classe, são poucos os fisioterapeutas que entendem a necessidade de associação ao SINFITO.

Vale ressaltar que qualquer sindicato está sujeito a cobrança de suas ações por parte dos associados, mas para tanto os profissionais da classe devem estar engajados na defesa de seus interesses. Será que já chegamos a este ponto?

Os desafios são muitos. Mas se realmente desejamos que nosso árduo trabalho seja reconhecido e valorizado, o único caminho viável é a superação. Não a superação isolada e pessoal na vitória profissional do dia a dia. A superação da desunião de uma classe que insiste em manter-se alienada, vendo em seus pares apenas a figura de concorrentes, contra os quais vale a pena aceitar valores indignos e horas excessivas de trabalho braçal.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Fisioterapia no Brasil: para onde estamos indo?



Embora seja fato que a profissão Fisioterapeuta é ainda bastante nova no Brasil, não podemos de forma alguma, justificar a falta de reconhecimento profissional baseados apenas nos poucos anos de seu reconhecimento formal.

Quem vive da profissão conhece muito bem as dificuldades do dia a dia. Os baixos salários e a obrigatoriedade da hierarquia médica na requisição de exames e de encaminhamentos nos planos de saúde são exemplos bastante simples. Da mesma forma, a inexistência de vagas em grande número de empresas privadas e na maioria dos concursos públicos parece destacar a fisioterapia como área da saúde de pouca importância.


Desde a formulação da Declaração de Alma Ata (tema de assuntos futuros deste blog), muito se tem falado na atenção primária em saúde, a qual tem como um de seus pilares a integralidade de cuidados, considerando o indivíduo como um todo. A partir desta visão, foram criadas as chamadas equipes multidisciplinares (a meu ver, multiprofissionais), das quais teoricamente o fisioterapeuta deveria também fazer parte. Mas não faz. Não na esmagadora maioria dos municípios brasileiros.


A questão é: a fisioterapia no Brasil tem se mostrado essencial na promoção, prevenção, tratamento e reabilitação de distúrbios cinéticos funcionais como preconizado em nosso perfil profissional? Se a resposta a esta questão for afirmativa, qual o motivo das dificuldades presentes em nosso quotidiano?


Este espaço tem como um de seus objetivos a promoção de debates e reflexões a respeito dos principais problemas vivenciados por fisioterapeutas comprometidos profissionalmente, aqueles que buscam fazer a diferença através de uma ciência da saúde baseada em evidências.
Entretanto, creio que manter a porta aberta para todo tipo de discussão séria e interessante a respeito da profissão será produtivo para todos que estão preparados para lutar por maior reconhecimento profissional. 
Da mesma forma, estudantes, profissionais de outras áreas da saúde, educadores e o público em geral poderão contribuir com experiências interessantes vistas por diferentes perspectivas. São todos bem-vindos!


Como ponto de partida, deixo a seguinte questão em aberto:

A quem cabe a responsabilidade pelo reconhecimento de uma determinada profissão?



Até breve!